terça-feira, 27 de setembro de 2016

Mudança de valores...




            Como que é a vida, né? Há um tempo atrás eu estava saindo literalmente no tapa com meus irmãos na esperança de poder usar o único e super disputado computador da casa. O intuito era poder usar o MSN antes que papai chegasse pra ver as coisas dele. Que sentimento de felicidade que era sentar naquela cadeira, ligar o computador, esperar a internet discada pegar e sair conversando com todo mundo. Que sentimento de poder quando formávamos um grupo cheio de gente falando ao mesmo até tantas horas da madrugada quando dava. Aquilo que era vida! Agora você me vê hoje, com celular em mãos, internet entrando automaticamente assim que piso em casa, tenho pelo menos uns dez grupos no WhatsApp e sabe qual o meu sentimento de poder? Meu sentimento de felicidade? Poder silenciar todos. Por um ano! Só não silencio por mais tempo porque esse é o máximo disponível. Não que eu esteja antissocial (sim, talvez um pouco), mas acho que a facilidade e praticidade das coisas acaba perdendo a graça. É tanta distração num espaço só, que aquilo que antes eu me matava pra poder fazer, hoje não me parece tão atrativo.
            Eu me lembro da época em que o extinto Orkut estava ficando fora de moda, o espaço se abria pro Facebook e todo mundo estava migrando de um pro outro me chamando pra ir junto e eu ali, apegada aos meus scraps, depoimentos e meu Buddy Poker. Jurava de pé junto que não iria me cadastrar no outro, achava muito complicado e eu que guardo até minhas mensagens de celular, não ia me sujeitar a abandonar meu companheiro de longa data. Até que abandonei. Facebook, mundo novo, vida nova! Muita postagem de muita coisa, vários vídeos de muita coisa, vários grupos de muita coisa. Daí em diante me entreguei ao Instagram e, não contente com a minha conta, abri mais duas, uma profissional e outra pra um projeto. Eu, apaixonada por fotografias, vi meu mundo, sigo tudo e todos, cada perfil seguindo perfis equivalentes. Acabou que com tanta distração num espaço tão pequeno, optei por certa abstinência de grupos de WhatsApp onde 95% dos assuntos não são de meu interesse. E se tem uma coisa chata nessa vida, é você estar fazendo, ouvindo, lendo ou conversando sobre algo que não é de seu interesse.
            Não tem tanto tempo assim, eu amava sair pra dançar e ficar até de manhã! Não que eu tivesse feito muito isso, pelo contrário, raras eram as vezes por “n” motivos. Muitas vezes meus pais não deixavam, outras eram falta de grana, outras eram por conta do tipo de música que ia tocar e não me chamava a atenção, enfim, motivos pra eu não ir não faltavam e, acho eu que, justamente por isso, quando eu ia, fazia questão de estar até o último momento. Hoje em dia eu estou pagando pra ficar em casa assistindo um bom filme e comendo alguma coisa. Fujo de furdunço, de alvoroço, de muita gente num lugar só. Não que eu não vá a encontros e confraternizações e quando vou, me divirto à beça mas, o fato de ter que pensar em sair de casa pra ir nesses tipos de programa me desanimam demais. Apesar disso, um programinha a dois num restaurante, lanchonete, uma voltinha a pé conversando, uma voltinha de carro ou um cineminha ainda enchem meu coração.
            Eu saía e queria que papai comprasse brinquedos pra mim. Em determinado momento da vida, minha alegria era comprar roupas, bolsas, sapatos, brincos e, não que eu não queira mais, às vezes me bate um surto consumista doido mas, o que tem me dado um brilho nos olhos ultimamente é pesquisar artigos pra casa. Cortinas, sofás, geladeira, fogão, pias, balcões, porta chaves, quadrinhos, e pasme! Até aqueles potinhos de plástico ando olhando.
            Eu assistia a um monte de porcarias inúteis na internet (até hoje assisto) mas se você for ver o que tem salvo no meu celular, são milhões de receitas e mais mil maneiras e truques de organização e limpeza da casa. Tá bom pra você?  
Hoje em dia quando mamãe passa um tempo fora, ao invés de ficar em casa de rabicó pra cima, quando vou ver, já estou limpando a casa, trocando as sacolas dos lixos, repondo os papéis higiênicos (que antes eu deixava um fiapo de folha só pra não precisar ter trabalho de trocar), colocando roupa na máquina... Não aguento pia com louça suja e coisas fora do lugar. Tô ficando bem esquisita mesmo, tô vendo isso. Em que momento da vida essas coisas aconteceram? E pensar em comprar potes de plástico me tornam oficialmente adulta? Respondam aí vocês!
          Rachel

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